Dia Mundial sem Tabaco: “Precisamos combater o Cigarro Eletrônico”, alerta pneumologista

0
480

O Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, é uma de foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. O Pneumologista cooperado da Unimed João Pessoa, Sebastião Costa escreveu um artigo para ilustrar os riscos do cigarro eletrônico, mania principalmente entre o público jovem.

Confira o texto:

Que se conceda um Oscar ao cinema americano pela sua imensa competência de transformar o maior produtor de doenças e mortes da história da humanidade num mocinho cheio de charme e elegância.

Há de se comemorar, no entanto, que depois de muitos anos a reinar absoluto em mentes e corações pelo mundo afora, eis que surgiu uma pedra no caminho: o relatório Terry, divulgado em 1964 pelo Departamento de Saúde dos EEUU escancarou todas as maldades do mocinho.

Considerando o imenso prestígio do cigarro entre os americanos, a realidade exposta naquele estudo promoveu um brutal impacto na sociedade da época. E o mocinho, ao longo do tempo foi lentamente virando bandido.

No rastro daquele relatório foram surgindo programas antitabaco, que aliados à introdução de leis restritivas, limitando a liberdade de atuação da indústria tabageira, fez surgir uma nova mentalidade no seio da sociedade, base fundamental para jogar definitivamente o prestígio do cigarro na lata do lixo da história.

A indústria do tabaco, na sua infinita competência, foi buscar no Cigarro Eletrônico o trampolim para manter seus apetites lucrativos.

Em 2003, o chinês Hon Link teve a péssima ideia de inventar o CE. Três anos depois, invadiu os Estados Unidos, caiu no gosto dos jovens e atraiu muitos adultos. Daí para chegar ao resto do mundo foi um pulo.

Com o poder de convencimento de onze bilhões de dólares de investimentos promovido pelas gigantes Philip Morris e British AmericanTobacco e muita gente desavisada acreditando que o CE é inofensivo e ajuda os dependentes a romperem com a dependência nicotínica. Na contramão dessa falácia, os estudos disponíveis apontam para os usuários do CE com chances 3 vezes maior de se tornarem dependentes do cigarro tradicional.

Indispensável informar que lá no CE existe a mesma nicotina, que está inserida no mesmíssimo grupo das drogas psicoativas, na companhia, vejam vocês, da cocaína.

E a nicotina, para quem não sabe, além do imenso poder de produzir dependência, participa com muita competência no surgimento de infartos, AVCs, hipertensão arterial.

Ponha-se ainda na conta do CE o câncer de pulmão, boca, laringe.., produzido pelas nitrosaminas, o formaldeído, o acetilaldeído.

E muitas outras substâncias promovendo alterações no sistema mucociliar que vão desenvolver a bronquite crônica. Vale acrescentar também a gengivite e o cancro labial.

Há de se informar ainda que, enquanto o cigarro tradicional desenvolve mais doenças crônicas, o cigarro eletrônico promove a EVALI, doença respiratória agudíssima que no ano de 2019, num surto epidêmico nos EEUU, encaminhou mais de 2 mil norte-americanos aos atendimentos de emergência de rede hospitalar com dor no peito, tosse e insuficiência respiratória grave, promovendo um saldo de mortalidade de 68 pacientes.

No próximo 31 de Maio – Dia Mundial Sem Tabaco, o Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba*, de olho nessa nova realidade, está redirecionando estratégias de ação, dentro da necessidade de se trabalhar com muito vigor a população mais jovem, que anda muito atraída pelos apelos enganosos dos fabricantes do CE. A lamentar ainda, o fato de que esse novo projeto da indústria do tabaco anda colocando em risco a curva descendente do consumo do tabaco no Brasil.

Em fins do século passado 34% dos brasileiros estavam atrelados à dependência nicotínica. A última pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde fala em 9,2% de brasileiros sem conseguir se livrar das garras dessa substância, que está inserida, conforme já referido, ao lado da cocaína no rol das drogas psicotrópicas.

A triste realidade é que, quando estávamos vencendo uma guerra, eis que surge o CE potencializado pela força econômica dos fabricantes de cigarros, indicando muitos combates pela frente.

Uma observação nos números disponíveis sobre a utilização do CE – 20% da população jovem, e vai-se admitir que a sociedade em geral e em especial os pais de crianças e adolescentes precisam ser devidamente conscientizados no sentido de se tornarem parceiros nessa nova guerra contra os gigantes econômicos da indústria do tabaco.

*Associação Médica da PB

Ministério Público – PB

Sociedade Paraibana de Pneumologia e Tisiologia

Sociedade Paraibana de Pediatria

Sociedade Brasileira de Cardiologia – PB

Conselho Regional de Medicina

Secretaria Estadual de Saúde

Secretaria Municipal de Saúde

Secretaria Estadual de Educação

Secretaria Municipal de Educação

AGEVISA

Unimed JP

Sebastião Costa – Pneumologista CRM – 1630

Presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da PB

Membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui