Vereadores de Lucena, no Litoral Norte da Paraíba, apresentaram na Câmara Municipal, nesta segunda-feira (24), um pedido para afastamento do cargo contra o prefeito Leo Bandeira. O documento, que tem sete assinaturas dos nove titulares da Casa, foi encaminhado ao presidente Kennedy Batista.
Assinam o documento:
Jair Chagas;
Francisco dos Santos;
Arnóbio Menezes;
Severino Amancio;
Josefa dos Santos;
Angêlo Inácio;
Andreia da Silva.
Apenas o vereador Alecsandro Targino não assinou o documento. Os parlamentares querem analisar o afastamento do prefeito Léo Bandeira já na próxima quarta-feira (26).
“Desta feita, na presente sessão que fica marcada para o dia 26 de janeiro de 2022, às 10:00hs da manhã, será debatida a comissão processante para apuração dos fatos veiculados pela imprensa, Ministério Público Federal e Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba, bem como o afastamento do Excelentíssimo Senhor Prefeito. O pedido de urgência baseia-se na gravidade dos fatos e principalmente o interesse público”, diz o documento.
Entenda
Órgãos de fiscalização tem acompanhando o caso da vacinação inadequada contra a Covid feita em crianças de Lucena. Membros dos MPS estão ouvindo pessoas envolvidas no episódio, tanto sobre a aplicação da vacina de adultos em menores de 11 anos de idade, quanto em relação à informação de que o imunizante estava vencido.
O procedimento foi instaurado no âmbito do MPF, que recebeu a denúncia, e posteriormente passou a contar com o suporte do MPPB, por meio do Centro de Apoio Operacional da Saúde. As oitivas dos envolvidos estão sendo feitas pela procuradora da República (MPF), Janaína Andrade de Sousa, e pela promotora de Justiça (MPPB), Fabiana Maria Lobo da Silva. Até a manhã desta segunda-feira (17/01), tinham sido ouvidas a técnica de enfermagem que aplicou a vacina de adultos em crianças; a agente comunitária de saúde que fazia a anotação das informações sobre os vacinados e uma mãe.
Ainda estava prevista para esta segunda-feira a oitiva da coordenadora da Unidade Básica de Saúde (UBS) na qual as vacinas teriam sido aplicadas indevidamente. Outras mães e pais que tiveram seus filhos vacinados deverão ser ouvidos nesta terça-feira.
Os depoimentos
Em depoimento, a técnica de enfermagem informou que foi contratada pela Prefeitura de Lucena em novembro de 2011 para auxiliar médico e como vacinadora; que não sabia dizer exatamente quantas pessoashavia vacinado desde então e que as informações dos imunizados eram enviadas à Secretaria Municipal de Saúde. Ela disse que aplicou vacinas de rotina e contra a Covid-19 na UBS V e em outra unidade que ficava no assentamento Outeiro de Miranda. Contou que recebeu a ordem da coordenadora da vacinação de vacinar todos que comparecessem aos postos, pois o prazo de validade dos imunizantes da Pfizer estaria vencendo, e que não sabia que não podia vacinar crianças com vacinas de adultos e no mesmo volume. Ela ainda informou que as vacinas do lote FN3457 constava a validade “02/2022” e que trabalhou com elas desde novembro/2021 e que lembra do lote com numeração final 3835.
A agente comunitária de saúde confirmou que aconteceu um Dia D de vacinação para todas as faixas etárias em 7 de janeiro e que, nesse dia, foram vacinadas 37 crianças no assentamento onde atua e que não sabia quantas haviam se vacinado na UBS V. Ela disse que não recebia informações direta da Secretaria de Saúde e sim da técnica de enfermagem a qual acompanhava para fazer as anotações dos vacinados. Ela mesma teve a filha de 5 anos vacinada com imunizante de adulto e afirmou que a criança não havia apresentado reação. A ACS também afirmou que não observou o prazo de validade da vacina.
Já uma moradora do Assentamento Outeiro de Miranda informou ao MP que teve os dois filhos de 5 e 7 anos de idade vacinados no dia 7 de janeiro e que só após esse evento viu na imprensa que as vacinas para crianças ainda não haviam chegado ao Estado. Ela informou que sabia que em torno de 40 crianças haviam tomado o imunizante na comunidade. Ela queixou-se que, após ter conhecimento da vacinação errada, não teve apoio da técnica de enfermagem, do prefeito ou da Secretaria de Saúde. Ela relatou que seu filho mais velho teve tontura e fraqueza e que não o levou à UBS porque perdeu a confiança no atendimento prestado.
Portal Paraíba