Vivências – Das coisas que ainda não esqueci

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Hoje conversava sobre nossos ídolos Confesso, tenho muitos.

Na vida de um ser comum, nas artes literárias, na música, pintura, arquitetura e, até, na academia eu os cultuo. Fora do âmbito da família e já adquirindo uma visão de mundo conheci a obra de Josué de Castro, sua firmeza de propósito na luta contra a fome. Das telas de TV às páginas envelhecidas, num volume quase vencido pelas traças, Guimarães Rosa me apresenta o ―filósofo‖ Riobaldo, a bela Diadorim, Manuelzão e Miguilim. Viajando pela literatura nordestina encontrei Queiroz, Américo, Ramos, Lins, Cunha e Suassuna, sobrenomes com obras irretocáveis, além de Bandeira, Assis, Pena, Melo, Matos e Pinto de Monteiro para fechar esse naipe.

Na música um mói de gente. Muitos eu vi de perto, tête-à-tête, ratificando abestalhado suas genialidades. Assim destaco o grande Vital Farias, cuja genialidade muito além do que se vê, esconde-se na simplicidade do artista, seu modo de vida. Vital vive música, partituras, poesias cotidianamente, sem mídia, sem alarde, pompa ou circunstância. Naquele seu estúdio, amofumbado, compondo sozinho e só, ou na companhia dos filhos frutos da mesma árvore, folhas do mesmo galho. Pura erudição!

Em nosso primeiro encontro, 2004, na coxia do Severino Cabral. Falamos de família, filhos, país, política… Ali eu conhecera o exímio instrumentista, cantor, compositor esmerado em produzir boas obras. Vital apresentara sua filha Camila que, ali, fez uma apresentação ao som de uma ária a ela composta. Eu estava diante de um ídolo, despido de todo sentimento de altivez nutrida pela fama. Há pouco tempo eu e minha esposa Patrícia tivemos a satisfação de acompanhar Helloysa do Pandeiro (a nova musa da música paraibana) e seus pais, Nena e Petrônio, numa estada no casarão da Bica, em Jampa, onde Vital fora arquiteto, engenheiro, ajudante, pedreiro e o que mais pudera existir como mão-de-obra naquela (re)construção. Esmerou-se na acolhida, levando-nos a cada cômodo por ele moldado, até chegarmos ao ponto de amofumbarmo-nos naquele estúdio recém-construído. Tanta empolgação me induziu a ―cantar‖ Saga da Amazônia, um hino à ecologia e em defesa daquela floresta, diante do seu autor, acompanhado de gestos e sem reprovação, diga-se! E haja história, projetos, partituras… E haja simplicidade e acolhimento.

Este é um dos meus ídolos. É vital que se diga!

Autor: Poeta Carlos Almeida

 

 

 

 

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